sábado, 5 de dezembro de 2009

ah,


tem gente que pensa que pode brincar com gente; usam as artérias de cordas e aquele músculo pulsante de boneco de ventríloquo - ou ventrículo, já que no fim ele faz apenas a sua dança cotidiana de bombear pureza e receber algo sujo, tão sujo.

Tem gente que pensa que pode manejar esse ventríloquo como bem entende. Devo proclamar aos desinformados que este é um músculo involuntário, apesar de ser um tanto turrão; se acha que é assim, tem de ser desse jeito e não, não há uma segunda opção. Pena que seja tão ingênuo e errante - da roleta russa cotidiana, sempre aponta para o sem-jeito, o semi-vivo e o pelametade - escolhas que sempre terminam em pulsações regadas à gotas salgadas, à raiva viva e amor morto. Um espetáculo de sangue, feito de paradas de quando em quando e até umas pontes de safena, gentes que tentam impedir o inevitável.

Ainda assim, ele ainda acredita - é o que o faz viver. Não importa em quê. Não importa em quem. Algum dia, tudo se ajeitará. Algum dia chegará um cardiologista especializado no seu sentimentalismo crônico e, quando este momento chegar... Ele continuará batendo. Sem sangue. Sem cordas.

Sem um ventriloquista.

6 comentários:

Marcelo Mayer disse...

eu tentei, e me ferrei.

belo texto!

Deise Lima disse...

involuntário.Coitado, como sofre!Mais um texto intrigante, para me fazer refletir...

Érica Ferro disse...

E eu continuo acreditando; mas não é fácil.

Belo texto [2].

Um beijo, querida.

Jaya Magalhães disse...

Importa é bater, não? Sambar.

Você me faz tão contente comentando em minha casa, Sam. Gosto tanto de ler tuas críticas aqui, quanto teus elogios, lá.

É linda, você.

Um beijo.

Tiffany disse...

as vezes eu acredito, as vezes não..

a vida é feita de momentos, fazer o quê?

Cissa disse...

é a esperança que salva. =)