terça-feira, 4 de agosto de 2009

Ferida

Quando escrevo, me anestesio.
O mundo fica desfocado e tudo o que [não] consigo enxergar é o que penso.

Tempos depois, dói.
Como um hematoma que pulsa.

E, numa espécie de masoquismo, cutuco com insistência a ferida, que sangra com abundância. Jorram, ainda, palavras. Fartas, doloridas, que não quero mais conter.

A carne fica em evidência. Todos os que vêem, se compadecem. Mas não são capazes de parar para ajudar a fazer o curativo.

Sangra. Por horas. Dias. Meses. Anos a fio.
Até coagular.

Já não dói mais. Quando maior a dor, maior a capacidade de resistir.
Dá e passa.

Até que vejo meus dedos sujos de grafite e o rádio-despertador apitar duas da manhã.

E começa de novo. A sangria por escrever, a ferida a sangrar, a dor a aumentar, aumentar, por fim diminuir...
Findar.

Até não restar nada para sentir.

19 comentários:

Thaís A. disse...

Já te falei que você escreve que ne um adulto? AAH, Sam que raiva! Você escreve muito bem D:

Gabriela Costa disse...

que legal, adorei teu blog :D

Don't Speak disse...

Meo, concordo com o que a Thais A. disse..você escreve MUITO bem
e, por incrível que pareça, eu sempre me identifico tanto com seus textos!

adorei, mais uma vez!

beijo ")

Carol disse...

Caara seus textos são foda!

Parabéns mesmo!
Leio sempre!
Sucesso ;)

Agatha disse...

Escrever para não gritar, é .. cada solução que arrumamos para sofrimentos, muitas delas benéficas, aposto como seus sentimentos te ajudam a escrever tão bem, por que você escreve com o coração (:

Muito bom o post;
beijo!

g.a.c.s:. disse...

Gente que texto mais profundo... Quantos anos vc tem?! E nossa, é toxicante a idéia dele...

Mas sem duvidas vc escreve mto bem, meio q com um toque realista da vida no mínimo assombrante!

João Bertonie disse...

HAHA' Lindo o texto, linda!
Bom, acho que só pode escrever quem realmente tem NECESSIDADE de tal ato. É preciso que se cutuque a ferida, fazê-la sangrar, doer e gemer de tristeza para escrever de verdade. Mesmo que seja só uma frase.
beigos mil

Unknown disse...

Nossa que forteeee, rs!

Beijos!

Anônimo disse...

Escrever me ajuda muuuuuuuuito.
Sabe o que não consigo contar pra ninguém, nem pra mim mesma as vezes? meu caderno sempre tá lá, meu melhor amigo.


Adorei esse texto!

Vanessa Cristina disse...

Eu, masoquista, também.

Beijo
:*

Camila e Letícia disse...

Oii. tem um selinhoo pra você lá no meu blog: www.nossacamionetevermelha.blogspot.com

Daninha disse...

Bem intenso neh oapskapospaks'

;*

Érica Ferro disse...

Samia, amei essa sua postagem.
Cheguei até aqui não sei bem como, mas, cara, que felicidade!
Muito emocionante e intenso essas palavras, essas ideias.
Sinto isso. Vivo isso.

"A carne fica em evidência. Todos os que vêem, se compadecem. Mas não são capazes de parar para ajudar a fazer o curativo."

É isso que acontece mesmo.
Amei.
Beijo.

Thaís A. disse...

pra você Sam *--*
http://b-glad.blogspot.com/

Anônimo disse...

Quantos anos vc tem? Ah meu deus, vc escreve muito!

Thais disse...

As feridas sempre cicatrizam. E as cicatrizes servem pra nos lembrar de que vivemos de verdade e intensamente a nossa vida. Feridas dóem, mas nos faz sentir vivos.
Adorei teu texto! =)

João Bertonie disse...

ei, não abandone o nosso motel -n hotel de papelão, okok

Elton Alves do Nascimento disse...

Wow, muito bem feito, hein...

Ana disse...

Essas feridas são insuportáveis, quando você acha que elas secaram, puf, elas voltam a arder...tsc !

Já estou no Hotel :D

Beeijo ;*