domingo, 3 de janeiro de 2010

Eu?

Eu? Eu gosto é de inventar. Um dia ensolarado, uma mão quente, até uma música que não exista. Apesar de que eu gosto mesmo é de criar estórias, essas irreais, sem h na frente. Dá um tom de causo de criança. De certa forma, minha diversão é a mesma: tenho vidas às mãos.

Papel em branco me encoraja, sabe? Gosto do difícil – que é um fácil disfarçado de impossível. Inícios costumam ser mais complicados. Desconfio, há tempos, que sou chegada nessas complicações, dramas e falações outras. Às vezes, falar não ajuda em nada. Mas alivia, ah, se alivia!

Tou rabiscando enquanto converso com você. Acho lindo ser o primeiro risco em uma folha vazia. O primeiro beijo de um amor, mesmo que curto. Ou a primeiro verso de um poema. Ah, e gosto de misturar desenhos aos meus textos – mesmo que tenha sido desencorajada por uma professora de artes mal-amada há muito tempo atrás. Quase sempre consigo enxergar meus personagens. Não preciso ir muito longe: pode ser o português da padaria, o traficante, a prostituta, o político, a beata, você. Não tenho distinção. Não tenho escolha. Quando a palavra vem, arrebata; a razão é posta de lado e tudo o que se vê são dedos eufóricos correndo livres pelas linhas do caderno que sempre carrego comigo.

Você deve me achar maluca, né? Eu também. Tem mais um cigarro?

Aliás, muita gente disse que eu deveria fazer teatro. Dizem que tenho jeito com essa coisa de criar, encarnar, ser uma outra vida. Eu não concordo. O meu eu ocupa tanto de mim – o que inclui as dores de cabeça, as noites de insônia e as crises de devo-não-devo – que posso afirmar seguramente que não há espaço para nenhuma outra invencionice. Eu sou o meu maior, e menos elaborado, personagem. Eu me reinvento todos os dias. Os músicos compõem pra estar; eu escrevo pra ser.

17 comentários:

Marina Menezes disse...

Adorei esse texto, Sam.
Gosto desses seus textos que me lembram crônicas, e que misturam sua realidade com a de seus personagens.
Principalmente, o modo como você finaliza o texto - Os músicos compõem pra estar; eu escrevo pra ser.
Bom 2010 pra ti, Sam :)
Beijos :**

Érica Ferro disse...

"Eu me reinvento todos os dias. Os músicos compõem pra estar; eu escrevo pra ser."

Você É MASSA.
Um escritora, e das boas.

Admiro você cada vez mais.

Quero um livro seu, hein? Autografado.

Abração.
E feeeeliz 2010!

Bianca Ribas disse...

Uma pergunta meio besta, mas vc se formou em Letras ?

da uma olhadinha no meu blog ?
http://sorvetesaborletra.blogspot.com/

Anônimo disse...

ain. que liiindo.

Não se sinta sozinha também sou assim.
Eh como se escrever completasse algo que falatasse dentro de nos mesmos.

beijO*

Anônimo disse...

eii. o link tah errado ai em cima. num entra. =S

Anônimo disse...

Eu me (re)invento a cada sopro de vida que recebo. Acabei de me (re)inventar.

Daninha disse...

Você saiu, nossa que legal.
Eu assino a CAPRICHO quando chegar aqui vou ver :D
Ótimo 2010 pra ti!
Beijos

Euphoria disse...

tá bom demais esse seu blog, um dos melhores q eu acompanho!

Beijos

Iara. disse...

nossa, amei o blog. muito talentosa você :D
vi na capricho.

a razão é posta de lado e tudo o que se vê são dedos eufóricos correndo livres pelas linhas do caderno que sempre carrego comigo.
amei essa parte.

add voce, beeijos.

Natascha Oliveira disse...

Ai que lindoo esse texto...
"difícil é um fácil disfarçado de impossível"... Pura verdade.
Nada é impossível!

Élide Elen disse...

Oi... é a primeira visita ao seu blog e amei!
Também adoro estórias, é incrível criar um personagem e mergulhar nele.
Feliz 2010 pra vc.
Beijo!

Paulie N. disse...

post lindo, linda, parabéns, menina (:

Fanii disse...

oi,eu adorei seu blog,muito bem escrito e bem engraçado....Parabéns!teu blog é mais melhor de bom :)

Fanii disse...

adorei seu blog,Muito bem escrito e muito engraçado...!

Unknown disse...

Lindo, detalhado e profundo, adorei o texto!

Feliz 2010, Samia!

Fraan Farias disse...

Eu li o seu texto na Capricho, adorei.

'a razão é posta de lado e tudo o que se vê são dedos eufóricos correndo livres pelas linhas do caderno que sempre carrego comigo.'

Me identifiquei com essa parte, tenho um caderno aonde eu sempre escrevo os meus textos e de outros autores. É como se fosse eu, o 'eu para mim' (C.L). É aonde eu esqueço o 'eu para os outros' e vivo o que eu sou.

Beijos e amei seu blog :*

Anne Beatriz disse...

Toda vez que eu venho aqui eu reafirmo a minha idéia: sou sua fã e quero escrever assim quando crescer.
Linda, linda, Sam! Parabéns!
Beijocas