quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Olhos que não vêem

Ontem, estava eu andando na rua, quando notei que parecia não estar na rua da minha casa. Não, esta não é mais uma daquelas histórias do "meu Deus, me perdi no bairro da minha casa!".

É até um pouco pior, sabe? Porque eu não me perdi no bairro da minha casa. Eu me perdi no tempo.
Irremediavelmente.

A árvore que outrora eu costumava me balançar, foi cortada. A casa de pipas, das eternas tardes ensolaradas, se mudou. Para onde? Para longe das minhas lembranças, fora do alcance da minha memória.

Sabe como é o nome disso? Falta de visão. Nesse nosso dia-a-dia atribulado (no meu caso escola-casa-judô), paramos de enxergar o simples para ver o óbvio. Minha irmã foi a chave dessa minha "redescoberta", porque um outro dia no meu quarto, deitei-me maquinalmente em minha cama e o engraçado é que ela estava no lugar oposto de onde ela ficava e eu nem notei.

No dia seguinte, minha irmã perguntou: "Gostou da mudança do seu quarto?". "Mudança, Samantha?". "É, mudança! Eu arrumei o seu quarto, tava uma bagunça!"

Comentando o ocorrido com a minha mãe, ela só disse: "Nossa, quanta displicência, filha!"

Displicência? Creio eu que não. Cegueira. Tanto pra se ver, tanto pra se ouvir! E nós ficamos nesta nossa redoma de vidro, presos em uma rotina que nos escraviza. Nossa vida torna-se um inferno particular, nada nos surpreende.

Para este "mal", acho que já tenho a cura. Chama-se câmera digital. Falo sério! Experimenta sair por aí fotografando o que te der na telha, a torto e a direito. Perceberá o sorriso da criança, o gato pulando o muro vizinho, o novo grafite do túnel que você passa todos os dias.

Agora entende? Ver é muito mais do que simplesmente ter olhos bons e saudáveis. É realizar o ofício.

8 comentários:

Jú Carvalho disse...

Saaaaaaaaaaam, que lindo!
Super me identifiquei com esse texto,
pq apesar de ser da filosofia cada um no seu quadrado, essas "pequenas" coisas q fazem o mundo o muindo são encatadoras.
Acho que quando éramos crianças a redoma de metal na existia, poderia ser de vidro, sei lá.... Porque ao menos exergavamos as coisas "simples".

uhuul, naum mexo com vc =)

;*

Thiago disse...

Huuumm... acho que essa cegueira tem a ver com amor, por você sabe quem, do blog você sabe quaal ! aushuahsuahs

apaixonadaa, apaixonaada, apaixonaada *grita*

uahsuahsuahsu xD
ótimo texto, ótimas palavras, ótimo tudo! ^^

Anônimo disse...

Eu sou igual, sabia? Uma vez meu pai plantou uma árvore na frente de casa, passou uma semana pra eu poder reparar! Tenho que começar a prestar mais atenção ao meu redor!

Beeijo querida

Pedro Freire disse...

MAravilhoso!

Digno da Saam!

Beijos

Flávia disse...

Olá.....

Gostei do seu post, realmente estamos assim...te indico um livro que vc vai se enquadrar com esta realidade. Chama-se Ensaio Sobre a Cegueira de José Saramgo....

Valeu pela visita e volte sempre..

Posso linkar???

Anônimo disse...

Olá! Adorei o seu blog, gosto de pessoa que defendem suas idéias, você me parece assim. Parabéns pelo seu cantinho. Beijos.

Barbara Góes disse...

tu eh judoca?? massa!!

2012 tu vai!! hauhauahuahau

as musicas saõ mesmo de roedeira!!
axo q eh pq todo mundo sofre de amor hj em dia.. ou pelo menos boa parte das pessoas!!

bjooo

Natália Mylonas disse...

Aaah, a vida anda tão atribulada que não paramos pra perceber as coisas simples da vida ...

Bj bj =*