segunda-feira, 20 de julho de 2009

Bobo

Fui dormir com um sorriso bobo no rosto. Bobo por ti e por mim. Pelo tempo perdido, pelo orgulho mantido. Por não dizer o que deveria ter dito e sentir o gosto amargo do arrependimento incomodar a garganta. Gosto do medo, da angústia. Lá fora chove. Como choveu em mim, semanas. Incontáveis. As gotas descem do céu, e partem pra onde não vemos - quiçá soubéssemos! Minha chuva salgada se junta à doce, vai. Sem adeus ou o lenço branco de despedida.

Foi o acaso, lembra? O vento trouxe você. Das linhas melódicas, nuas, silenciosas. Um rosto que não se via. Um nome que não levava a lugar nenhum. Um saber que não sabia. Sensação forte, insensata, imoral. Uma conversa, apenas uma. E a razão, dominada por algo que eu não soube nomear.

Tínhamos minutos, contados, para nos falarmos. Sem eles, os dias ficavam vazios, a vida, sem cores. Fomos apedrejados, à moda madalena. Não podemos culpá-los. Era incomum. Polêmico. Para alguns, ininteligível. Éramos alheios. Assim aprendemos.

Vieram as dúvidas. A chuva salgada. A distância, que antes era ventura de sonhar, não passava de mera utopia. Houve um buraco, alguém que se escondeu. Saiu com uma máscara alegre, para ocultar o pesar que sentia. Longe, apenas ausência. Solidão. Saudade, sólida, dolorida. Procura desesperada, de gente em gente, pelo que só poderia ser encontrado onde não se poderia ir. Vã.

Fez cena, tragicomédia. Roteiro estúpido, incompreensão geral. Levantou âncora, navegou, aportou. A cada onda vacilante, lembranças, sumindo e reaparecendo, um lusco-fusco enlouquecedor. Covardia, plena. Desejou novos ventos, refrescantes. Porém, calmaria era a resposta obtida.

Volto. Grito, sem som. Quando que tanto precisava, a voz não saiu. Meus olhos, apenas túneis escuros. Enigmáticos, alguém disse. Tentou desvendar, a esmo. Nem ele, nem eu. Destoados. Desanimados.

Então, você veio. E eu fui criança, novamente. Sorri um sorriso puro, entendido por poucos. Ri baixo, egoísta, guardando felicidade só pra mim. Ainda acho graça de você achar graça em mim. Moço bonito, desvendador de olhares. Quero mais te desbravar, sem aspirina, nem destino. Agora, apressa. São Paulo-Pasárgada é grande, temos pouco tempo. Vem! Corra, que amanhece. Renasce nosso lirismo, moço, que junto com o Sol, faz brotar a incerteza.

Aqui não há pedras
Nem eu motivos
Para apedrejar
O que existe é o desejo
Oculto
Que eu tenho de te amar.

17 comentários:

Fernanda disse...

primeiramnte parabéns pela escolha da musica,no inicio do texto...O Amarante escreve coisas perfeitas...e o amor é lindo né...a gente fica tão feliz que parece que estamos 24 horas no céu.

Daninha disse...

Ain o amor parece ser tão perfeito, queria muito um dia me sentir assim!

;*

Viktor R. disse...

Gostei do seu blog,vc tem uma maneira bacana de se expressar.Da uma olhada no meu blog passarelasdorock.blogspot.com e me diz se gostou.
Valeeeeeeeeu!

Vitor Martins disse...

Essa maldita música dos Los hermanos foi o início de muitos dos meus problemas ._.

Luciana Brito disse...

Nossa, adorei esse texto! *-*

Me identifiquei desde o começo, com a música dos Los Hermanos, até o final e a mensagem de alegria por caus do 'moço' que apareceu!

Tão bom essa relação, esse sentimento.

Beijo!

Luana Mendes disse...

Saaam, desse jeito quem fica com sorriso bobo, sou eu. O verdadeiro amor sempre retorna *.*

Ffalei de você, no meu post de amigs, se puder, dá uma passadinha lá ;*

Ana disse...

U A U !

Sinceramente, eu nem sei o que eu posso dizer, porque esse texto está muito perfeito. Acho que era tudo que eu tinha vontade de escrever pra alguém. Aliás, eu posso até me encaixar em certas partes dele. As músicas são lindas, e você escreveu muito bem, muito bem mesmo ! Acho que esse amor que vocês descreve no texto eu já tenho, mas essa capacidade de escrever tão bem eu espero ter um dia !

;*

Adriel disse...

E é o acaso, com nome de destino, ou simplesmente a vida, que nos traz os brilhos para os olhos mas escuros...


Otimo texto!
Grande Abraço!

Henrique Miné disse...

"Essa maldita música dos Los hermanos foi o início de muitos dos meus problemas ._."

sAOSKAoksAOKSA. Eu racho o bico com o Vitor.

Aliás, eu, só por ver a música no começo, ja senti que o post seria ótimo.
Haha, os Los Hermanos não mentem. *-*


Beeeijos.

Henrique Miné disse...

"Ain o amor parece ser tão perfeito, queria muito um dia me sentir assim!" [2]

Sofia Alves disse...

Me identifiquei muito...
A música do Los Hermanos é perfeita, e não é que eu precisei ter um blog pra descobrir quanta gente gosta dela, assim como eu?
Esse moço do final, você descreve e eu quase vejo um conhecido meu.
Gostei muito do blog, volto com certeza.
beeeijo!

Don't Speak disse...

Meu Deus...simplesmente PERFEITO o texto!
Amei demaais!!
")

' Rôh disse...

"Ain o amor parece ser tão perfeito, queria muito um dia me sentir assim!"

[2]

~~

Adoro esses testiculos que vc coloca além do texto!

Gde abraço, Roh

Isa disse...

OMG, adoro Último Romance.
Às vezes estar apaixonada é mesmo bom.

Bill Falcão disse...

Ah, como eu conheço essa história! Mudam os personagens, mas a (linda) história é a mesma!
Bjooooooooo!!!!!!!!!!!!!!

Elton Alves do Nascimento disse...

Eu queria ter saco pra escrever de forma tão bonita...

Caio disse...

Eu entendi :)
Sam, parabéns. É difícil a gente encontrar um texto que expresse tão bem emoções. o seu faz isso com maestria.
Gostei mesmo. ^^

E boa sorte.