domingo, 2 de novembro de 2008

Reinvenção

Finalmente arrumou outra fantasia. Esta sim, nova, impetuosa, viva.

Deixou para trás os restos de uma fantasia morta.

Demorou para que recorresse a uma loja. Aquela velha estava cheia de buracos, microfuros praticamente imperceptíveis a olho nu, mas que sentia que corroíam mais e mais o tecido. Os remendos, bastante visíveis, ajudavam a notar-se de que se tratava de um capricho bobo de alguém que vivia mascarado sob um sorriso praticamente inabalável.

Aparente, logicamente. Uma figura de ferro, inatingível, que parecia estar sempre pronta para uma peleja.

Mas até mesmo as figuras de ferro percebem quando suas armaduras estão quebradas.
E sua fantasia de fortaleza intransponível dava-lhe um ultimato. Cansara-se de remendos superficiais, de rasgos internos. Merecia ir a um costureiro.

Foram. Em tecido e corpo.

Costureiro por costureiro dissera-me o mesmo. Não adiantava outros pedaços de pano, linhas sofisticadas. Precisava de uma reforma por inteiro.
Saí indgnada. Como ousavam dizer-me que minha fantasia havia se rompido?

Contudo, fizeram muito pior. A última costureira, a quem eu realmente havia dado atenção, espetou uma agulha no corpete. Tal o estorvo que tão insignificante agulha provocava! Espetava-lhe, como se quisesse deixar evidente sua presença em uma ilusão despedaçada.

Sentou-se, aflita. Do que servem pedaços de pano diversos se não os usamos? Não bastam de meros retalhos de uma colcha formada pelo mundo todo, menos por ela mesma.

Joga então, a fantasia.

E veste-se de realidade, nua e crua. Perde o semblante de dama de titânio, mas transpõe internamente todos os costureiros que um dia deixou de escutar.

9 comentários:

Louise Mira disse...

Oi... finalmente, vim fazer uma visita por aqui! layout legal! hehe

bjs^^

Marcela disse...

Eu tbm não me adaptei a essas mudanças!!
Texto um tanto louco sim...
mas ficou legal!!!
^^


;***

Jú Carvalho disse...

Texto FABULOSO Sam.
Tipo assim. o "minha fantasia" denunciou todas, ou grande parte, das metáforas.
Que bom que aderiu a esse movimento, também estou precisando de costureiros para me tocar q não preciso de roupas.
Ah, mas e as imperfeições? Sane-se, sou eu, e não há pano q esconda, é é por aí.

E salve o nudismo :P

E qm puder entender, q entendenda.

- A crônica me lembrou Antonio Prata *-*!

Dani Vieira disse...

Olá Sam
tudo bem?

Creio que todos temos nossa fantasia com microfuros imperceptíveis a olho nu, porém nem todos tem a sensibilidade para percebê-los.

Ah, voltei com o blog...Um pouco mais maduro, um pouco mais misterioso!

Passa lá, deixa um comentário, vê o que achou!

Beijos

Vini Manfio disse...

bãi...
e bota texto estranho nisso

pensei que fosses falar de roupa velha
como fiz
mas ainda bem que era tudo uma metáfora bem metafórica

e bem interessante
a medida que tentei entender o texto do texto(não é redundância, era para ser texto do texto mesmo)


agradeço a visita
e o comentário!

Natália Mylonas disse...

Uau, então a MINHA fantasia tá mais do que gastaa .

Beiijuus =]

Unknown disse...

muito bacana o texto, gostei bastante! é seu?


:*

Fanny Mello disse...

Complexo, porém, lindo!
Ta na hora de parar de viver de fantasias e viver a verdade "nua e crua".

PS:Mas a regra já mudou?ñ é só em 2009?


Bijos e aparece?^^

Fanny Mello disse...

Ah, comcordo com a Jú Carvalho:Salve o nudismo!