Abaixou-se e pegou um punhado daquela terra palmeirinha que cercava o ambiente. Podia sentir dentro de si; Areia que formava sangue, carne, coração. Terra que o formava.
Coração-de-areia esse que sempre estaria naquelas palmeiras onde talvez tivesse cantado um dia o sabiá de Gonçalves Dias. Sentia na fome, na miséria, na ânsia de sair daquele recanto perdido no mundo. Estava para sair de uma bolha que o privava de conhecer, sentir, viver.
Sentiu o estômago roncar. Ausência de alimento. Mas maior que o ronco estomacal, era o ronco mental. Sua fome era mais do que simplesmente suprida por refeição; Era fome de mundo.
Cansado estava de ser prisioneiro em uma gaiola de portas abertas, de seus temores e dúvidas. Talvez se concedesse uma condicional, na fase libertina em que se encontrava. Cansara-se de subjuntivos. Estaria agora nas suas certezas.
Um pio longo e saudosista fora ouvido no alto dos céus. A graúna já voara da palmeira. Agora, chegara a sua vez.
6 comentários:
fome de mundoo q liindo!!
beijO
Ahh.. quando essa fome começa a aparecer, nada mais justo do que correr mundo a fora para saciá-la
;***
Gostei muito, Sam. Seu miniconto (ou algum outro nome que você prefira) sugere-me interessante metáfora antropoornitológica, com direito a literatura, na alusão ao grande poeta romântico e maranhense que morreu em 1864, gramática no enfado com subjuntivos e tudo mais. Estou de apetite satisfeito.
Tenho fome de tantas coisas ainda!
Beijoo
Somos duas famintas, então!
fome de muitas coisas, não apenas de comida, é o que eu sempre digo.
belo texto.
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