quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Banco de praça

"Eu vou levando tudo de mim, que é pra não ter razão pra chorar"

Perdeu o sentido, encolheu a razão. O externo desbotava calmamente, sem pressa de despedir das cores. Um ínfimo instante de desespero seu, de tantos aprisionados no pretérito imperfeito. Sentou - como se finalmente chegasse ao fundo de si -, no banco da praça.

O medo sentou ao seu lado. E agora, menina? Você não diz que consegue lidar com o que aparece? Qual é o problema agora?

Abriu o livro, tentando distrair-se de si. Olhou em volta, querendo fugir; tanta gente sorrindo, gritando. Feliz fosse uma outra história - e que história! - desses personagens que criava para correr do ócio. Talvez ela fosse também um personagem, duma outra história. Podia ser que isto fosse apenas um parágrafo infeliz.

Fechou o livro, do mesmo modo que fechara a si. Turbilhões de frases, vozes, momentos; um rosto. Olhos cerrados, língua presa em um aperto involuntário dos lábios. Aperte-se, menina! Você sabe o que fazer.

Haviam risadas demais à sua volta, algumas estrondosas. Estrondo talvez definisse aquele instante; risada poderia ser um futuro, um tanto distante.

O dia seguinte seria agitado. Esta notícia poderia causar tanto furor que decidiu permanecer quieta. Decisões estão certas sem opiniões de terceiros. E tudo o que aquele momento menos pedia era uma terceira opinião.

Entardecera, sem que visse. Aconchegou no banco, pra ver o sol se pôr. O fim do dia era tão bonito! O laranja unindo-se ao acizentado dos dias, infiltrando-se nas nuvens espaçadas, perdendo-se na imensidão do gigante incandescente. Começo demorava tanto para ser pronunciado... Fim era mais simples. Como o fim de um dia longo, ora laranja, hora cinza, até que os dois se fundissem neste crepúsculo.

Escureceu. Perdera sua tarde toda sentada no banco da praça. 

10 comentários:

Henrique Miné disse...

Mas isso me soou tãão pessoal!
hehe.

Mas é verdade, as vezes, apenas com uma bonita paisagem, ou a chegada da noite, acalma nossos animos.

Não sei pra ti, mas pra mim, a Lua tem um poder de iluminar-me que não tens noção, ehhe.


Beeeijos.

Anônimo disse...

Por pouco pude ver a cena, sentir e ali estar.

Letícia Lovegood disse...

samia,

meu blog faz seis meses hj e vc está entre os meus blogs preferidos.

passa lá pra cantar parabéns

bj

Louise Mira disse...

Texto perturbador, com um desfecho que deu "aquela" paz!

Anne Beatriz disse...

Teus textos me tocam, Sam.
Sério, até nem sei o que falar.

beijos!

Daninha disse...

Voce escreve de um jeito unico que faz com que nos sintamos dentro de seus personagens, e eu amo esse teu jeito de escrever!

Beijos Sam!

Érica Ferro disse...

Teus textos me tocam, Sam.
Sério, até nem sei o que falar. [2]

Só sei que imaginei a cena. Me imaginei vivenciando e sentindo tudo isso.

Ah, Sam, sou tua fã.

Beijo.

Srtª Lu Conegero disse...

tem selinho pra vc no meu blog:
http://lu-conegero.blogspot.com/

Selly disse...

Oi,adorei seu blog !
Gostaria de saber se você pode colocar um selo do meu blog no seu blog ppara me divulgar?

PS:me siga
:D

Thaís A. disse...

Que lindo, juro Sam.
'Fechou o livro, do mesmo modo que fechara a si.'

Saudades *--*